29 janeiro 2011

Análise do Comportamento

É cada vez mais surpreendente para mim, estudar Psicologia. Não termino um semestre surpreendida com tanta informação e linhas teóricas cada vez mais apaixonada pelo curso que sempre quis fazer. Fico imaginando pessoas que estudam muito tempo e acabam se dando conta de que aquele curso não era realmente o que ela imaginava, e que de alguma forma não atendeu as suas expectativas.

Me sinto privilegiada, pois minhas expectativas quanto ao meu curso são cada vez mais abrangentes.

Eu praticamente não estive de férias neste ano que passou. Terminei o semestre decepcionada pelo exame que tive que enfrentar na matéria que achava ser a mais simples, pois dentro daquilo que como a maioria do senso comum, pensa: que dificuldade existe em observar os ratos em uma caixa de Skinner? Mai uma vez me enganei. Em algum momento do semestre me perdi, dentro das minhas conclusões em tudo que carrego na minha história Ontogenética, e la vai eu acreditar que certos termos e significados que utilizei durante minha vida, era a mesma coisa em Analise do Comportamento.

Mas afinal, o que é Analise  do Comportamento?

Também, não consegui compreender muito bem, apenas observando minha rata albina de nome Joana D’arc.

Segui o conselho da minha professora Rosa e la fui eu me inscrever em um curso de verão na PUC sobre AEC.

Duas semanas inteiras em horário integral totalmente dedicado ao aprofundamento de umas das areas para se analisar o comportamento aonde estudamos de forma cientifica, o comportamento que se refere tanto as ações de um individuo quanto a sentimentos, e fala.

.Durante essa semana rodeada de pessoas totalmente conhecedoras no assunto(acho que a mais leiga era eu), descobri o seguinte:

Análise do Comportamento é uma ciência fundamentada na filosofia do Behaviorismo Radical, que diz que o comportamento dos organismos é multideterminado, englobando assim, variáveis decorrentes da história filogenética (que seriam as características presentes na espécie em toda a sua história evolutiva), da história ontogenética (que seria resultante dessa interação organismo-ambiente) e da cultura (que seriam os repertórios de uma determinada cultura).

Tendo em vista que o comportamento para a Análise do Comportamento é multideterminado, o objeto de estudo do analista do comportamento está no nível ontogenético e cultural, já que busca compreender a interação do organismo com o ambiente em sua história individual e cultural. O analista do comportamento acredita que essa interação se dá de modo bidirecional, ou seja, o organismo altera o ambiente e essa alteração retroage sobre esse organismo. Isto quer dizer que o comportamento do sujeito controla o ambiente e vice-versa. A esse comportamento em que o sujeito opera sobre o ambiente chama-se de operante, que é baseado na noção da tríplice contingência, relação de dependência entre os três termos seguintes: estímulo antecedente, resposta e conseqüência.

Por fim, a Análise Experimental do Comportamento é o braço empírico da ciência denominada Análise do Comportamento, baseada em pesquisas, tanto básicas como aplicadas. As pesquisas básicas visam responder a questões teóricas com o intuito de construir a ciência da Análise do Comportamento; já as pesquisas aplicadas visam responder a questões oriundas da sociedade, da vida cotidiana; ou seja, visam responder as demandas da sociedade. Logo, a Análise Experimental do Comportamento é construída a partir de experiências realizadas para comprovar se as proposições feitas pelo Behaviorismo Radical estão corretas, ou seja, para confirmar a maneira de pensar proposta por essa filosofia da Ciência.

A terapia comportamental nasceu de pressupostos advindos da pesquisa em Análise do Comportamento, tendo como uma de suas marcas a noção de causalidade. Ou seja, diante de uma história de reforçamento diferencial o sujeito emite um comportamento mais provável em uma determinada situação. O que determina se uma criança vai ou não fazer “birra” pode ser a presença de um primo, e não o fato dele estar “bravo” ou “cansado”. O evento privado não é causa, é fruto da relação do sujeito com o seu ambiente, com as contingências ambientais. São as contingências que determinam o comportamento, e não eventos privados.

Na terapia, o analista do comportamento deve manipular as contingências que estão presentes na vida do cliente, levando em consideração que as contingências mais importantes da vida do cliente estão fora da clínica. Logo, o analista do comportamento, tendo isso em vista, pode fazer atendimentos extra-consultório, uma vez que para ele o setting terapêutico é onde as contingências estiverem. O analista do comportamento, além de questionar a limitação do setting terapêutico ao consultório, também questiona o modelo médico que dicotomiza o normal do patológico. Dizer que o comportamento é fruto de contingências rompe com a dicotomia proposta pelo modelo médico, uma vez que se tanto o normal com o patológico são frutos de contingências, ambos podem ser alterados.

Contudo, outras abordagens também não limitam o setting ao ambiente clínico, e tampouco dicotomizam o normal do patológico. Logo, a pergunta que se faz é o que singulariza a prática clínica da terapia comportamental. A singularidade reside justamente no que o analista do comportamento faz na prática clínica. Ele faz análises funcionais, ou seja, ele analisa o que torna uma resposta mais provável, as contingências que controlam o comportamento do cliente.

Todo comportamento emitido tem uma função adaptativa, portanto fazer a análise funcional é descobrir a função do comportamento. Nesse ponto Skinner se assemelha a Darwin ao acreditar na variação e seleção como processos que permitem a adaptação para a sobrevivência das espécies. A partir dessa visão darwinista, quando o analista do comportamento olha para o comportamento de seu cliente ele busca entender o que mantém determinado comportamento observado, o que permite a sobrevivência do cliente naquele contexto. Assim sendo, para a Análise do Comportamento todo comportamento tem uma função, ao contrário do que é observado no modelo médico.

A preferência pela função do comportamento e não pela causa leva em conta a interdependência entre os eventos. Se o analista do comportamento alterar qualquer parte da relação (estímulo antecedente, resposta ou conseqüência) ele altera o comportamento. Por ter essa preferência o analista do comportamento não acredita na frase “um comportamento causou o outro”. Essa noção de causa implica a necessidade de um agente iniciador, uma força (para outras abordagens que acreditam que um comportamento causa o outro, essa força iniciadora é denominada “libido”). As contingências não são consideradas únicas ou singulares, como a libido é considerada. As contingências são um determinante, mas não um determinante único, unidirecional. O comportamento não é emitido para obter sobrevivência, mas porque obteve sobrevivência no passado que ele é emitido no presente. O sujeito age de acordo com o seu passado, de acordo com sua história de reforçamento, e não por causa do futuro. A história de reforçamento apenas aumenta a probabilidade de que a classe de comportamentos possa ocorrer.

A importância dada à análise funcional na prática clínica reside no fato dela permitir ao analista do comportamento identificar o comportamento de interesse, especificar a freqüência, descrever estímulo antecedente, resposta e conseqüência, hipotetizar a relação existente e testar a hipótese. A partir da análise funcional o analista do comportamento pode elaborar práticas de intervenção.

A parte mais importante para mim, que andava preocupada com essa teoria freudiana…..

O sonho, para Análise do Comportamento, deve ser utilizado como mais um instrumento para analisar as contingências que o cliente traz. Segundo Delitti (2000), sonhar é um evento privado e o relato desse sonho é a descrição (comportamento aberto) de um evento privado que ocorreu no passado. Relatar o sonho foi culturalmente selecionado, ou seja, a sociedade reforçou este tipo de comportamento verbal durante a história de aprendizagem do sujeito.

O sonho permite que o terapeuta entre em contato com comportamentos verbais que poderão indicar a história do sujeito, tendo o sonho aqui função de estímulo; ou seja, diante desses estímulos o cliente responde em função de sua história de reforçamento verbal. Esses estímulos, por serem complexos, criam a oportunidade de o cliente emitir classes de estímulos verbais que poderão ajudar o terapeuta a compreender a história passada de reforçamento diferencial do cliente. Além disso, o sonho pode eliciar respostas emocionais (respondentes) que fornecem dicas ao terapeuta sobre o histórico de reforçamento diferencial de seu cliente.

Para o terapeuta comportamental não importa o que o cliente sonha, mas o que este sonho tem haver com história de vida. Mas, às vezes, esse sonho pode ser distorcido, podendo mostrar uma história de punição que o cliente não quer entrar em contato.

Contudo, o relato dos sonhos também tem desvantagens, a saber: servir de esquiva para não relatar algum evento aversivo; ser adotado pelo cliente como uma “estratégia” para buscar reforçamento do terapeuta por estar com poucos reforçadores no ambiente social; e, o cliente pode aprender a falar de si através dos sonhos e não diretamente. Portanto, depende da habilidade do terapeuta identificar quando o relato de sonho traz parte da história do sujeito ou se ele está usando esse relato de sonho como artifício para não abordar questões relevantes de sua vida.

Conclui-se que o terapeuta analista do comportamento trabalha com a interpretação de sonhos, porém não a considera fundamental para a terapia. A interpretação de sonhos é mais uma ferramenta que o terapeuta analista do comportamento utiliza para ter acesso ao histórico de reforçamento diferencial de seu cliente e, assim, poder traçar intervenções que visem melhorar a vida de seu cliente.;

Começo a perceber que a Psicologia é muito mais do que apenas ouvir, observar, mas que baseado em comprovações cientificas, buscar dentre varias linhas teóricas a forma correta de junto com seu cliente sem deixar de considerar tudo que ele viveu, uma forma de aliviar algo que o deixe desambientado.

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